sexta-feira, 1 de abril de 2011

Assunto: Infância e Desenvolvimento Humano



Os primeiros passos na construção das ideias e práticas de Educação infantil

Zilma Ramos de Oliveira. IN: Educação infantil: Fundamentos e métodos

Sobre a concepção de infância – coexistem em um mesmo momento múltiplas idéias de criança e desenvolvimento infantil. Essas idéias constituem importante mediador das práticas educacionais com crianças até 6 anos de idade na família e fora dela.

Concepções muitas vezes antagônicas, defendidas na educação infantil têm raízes em momentos históricos diversos e são postas em prática hoje sem considerar o contexto de sua produção.

O cuidado e a educação das crianças pequenas foram entendidos como tarefas de responsabilidade familiar, principalmente da mãe e de outras mulheres. O termo francês creche equivale a manjedoura, presépio. Escola materna foi outra denominação usada para referir-se ao atendimento de guarda e educação fora da família a crianças pequenas.

As idéias de abandono, pobreza, culpa, favor e caridade impregnam, assim, as formas precárias de atendimento a menores e por muito tempo vão permear determinadas concepções acerca do que é uma instituição que cuida da educação infantil.

Pioneiros da educação infantil

O básico para os filhos dos operários era o ensino à obediência, a moralidade, a devoção e o valor ao trabalho.

A discussão da escolaridade obrigatória nos séculos XVIII e XIX, enfatizou a importância da educação para o desenvolvimento social.

Para as crianças da classe média a escola passou a ser fundamental, um período de preparação para o mundo adulto.

Para as crianças dos extratos sociais mais pobres se pensava apenas no aprendizado de uma ocupação.

Autores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori, estabeleceram as bases para um sistema de ensino mais centrado na criança. Muitos deles estavam comprometidos com questões relativas a crianças que viveram situações sociais críticas.

Embora com ênfase diferentes entre si, as propostas de ensino desses autores reconheciam que as crianças tinham necessidades próprias e características diversas das dos adultos, como o interesse e a exploração pelos jogos.

Comênio, educador e bispo protestante checo afirmava que o nível inicial de ensino era o colo da mãe e deveria ocorrer dentro dos lares. Elaborou um plano de escola maternal em que recomendava o uso de materiais audiovisuais, como livros de imagens para educar crianças pequenas. Para ele impressões sensoriais advindas da experiência com manuseio de objetos seriam internalizadas e futuramente interpretadas pelo uso da razão – Ver p. 64.

Rosseau, filósofo genebrino, afirmava que a infância tinha valor em si mesma, caberia ao professor afastar tudo o que pudesse impedir a criança de viver plenamente sua condição. Afirmava que a criança nascia pura e que a sociedade a corrompia.

Defendia uma educação não orientada pelos adultos, mas que fosse resultado do livre exercício das capacidades infantis (auto-regulação). A aprendizagem se dava por meio das experiências, das práticas, da observação livre, da movimentação – Ver p. 65.

Pestalozzi, suíço, considerava que a força vital da educação estaria na bondade e no amor, tal como na família, e sustentava que a educação deveria cuidar do desenvolvimento afetivo das crianças desde o nascimento. Destacou o valor educativo do trabalho manual e a importância de a criança desenvolver destreza prática - Ver p. 66.

Froebel, educador alemão, criou o Kindergarden (jardim de infância), onde crianças e adolescentes eram como pequenas sementes que, adubadas e expostas a condições favoráveis em seu meio ambiente, desabrochariam. A sua proposta educacional envolvia atividades de cooperação e jogo. Partia da idéia de espontaneidade infantil – Ver p. 68.

A Educação infantil européia no século XX

No período que se seguiu a Primeira Guerra Mundial, as funções de hospitalidade e de higiene exercidas pelas instituições que cuidavam da criança pequena se destacaram.

A sistematização de atividades para crianças pequenas com o uso de materiais especialmente confeccionados foi realizada por dois médicos: Decroly e Montessori.

Decroly, médico belga, trabalhando com crianças excepcionais, elaborou uma metodologia de ensino que propunha atividades didáticas baseadas no interesse da criança. Ao contrário dos sensualistas que o precederam Decroly defendia um ensino voltado para o intelecto. Preocupava-se com o ensino de conteúdos, organizados ao redor dos centros de interesse, que envolvia a observação, a associação e a expressão.

Maria Montessori médica italiana, preocupada com o ensino de crianças com deficiência mental, propôs um ensino com base no uso de materiais apropriados em que a criança pudesse manipulá-lo. Propunha uma pedagogia também preocupada com o desenvolvimento da espiritualidade. Era a favor da criação de um contexto que fosse adequado às possibilidades de cada criança e que estimulasse seu desenvolvimento. Ao educador caberia uma atitude discreta de preparação do ambiente e de observação das atividades infantis. Centrava-se apenas em questões individuais e não se preocupava com a formação do ser social. Sobre os materiais montessorianos – Ver p. 75. Movimento da Escola Nova – surgido a partir dos questionamentos da escola Tradicional, esse movimento se posicionava contra a concepção de que a escola deveria preparar para a vida com uma visão centrada no adulto, desconhecendo as características do pensamento infantil. Para esse movimento, a aprendizagem se faria pela atividade da criança em experimentar, pensar e julgar.

Freinet, foi um dos educadores que renovaram as práticas pedagógicas de seu tempo. Para ele, a educação que a escola dava às crianças deveria extrapolar os limites da sala de aula e integrar-se às experiências por elas vividas em seu meio social. Ver p. 77 – Sobre as atividades propostas por Freinet.

Havendo uma preocupação com uma escola de qualidade para as crianças, hoje as propostas pedagógicas se referem ao desenvolvimento da criança em todos os aspectos – corporal, intelectual e afetivo.


Referência Bibliográfica: OLIVEIRA, Z. R. de. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez, 2002.


Um comentário:

  1. Excelente material... A cada novo pesquisador, conhecemos um pouco do desenvolvimento infantil e, a partir daí, formamos nossos próprios conceitos, atentando sempre para um olhar inovador a contemporâneo.

    ResponderExcluir